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Quem tem bronquite crônica ou DPOC pode receber BPC?

Atualizado em 8 de dezembro de 2025
7 min de leitura
Assistente social informa idosa sobre o benefício BPC Loas para bronquite crônica/DPOC.

BPC Loas: Um direito para quem precisa.

Bronquite crônica e DPOC dão direito ao BPC?

Uma dúvida frequente entre pessoas com problemas respiratórios é se quem tem bronquite crônica ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) pode receber o BPC (Benefício de Prestação Continuada). A resposta é que sim, pode ter direito ao benefício, mas apenas quando a doença causa impedimentos graves de longo prazo que limitam significativamente a capacidade de trabalhar e realizar atividades diárias. No entanto, o simples diagnóstico não garante o benefício. É necessário comprovar que a condição respiratória resulta em incapacidade funcional severa, que a renda familiar per capita é inferior a R$ 379,50 (1/4 do salário mínimo), e passar por avaliação médica e social do INSS.

A bronquite crônica e a DPOC são doenças respiratórias que causam inflamação e estreitamento das vias aéreas, resultando em dificuldade para respirar, tosse persistente, produção de muco e fadiga. Estima-se que cerca de 7 milhões de brasileiros convivam com DPOC. O que determina a elegibilidade para o BPC não é apenas o diagnóstico, mas o grau de comprometimento funcional causado pela doença.

Quando a bronquite crônica ou DPOC podem gerar direito ao BPC

A bronquite crônica ou DPOC podem gerar direito ao BPC quando apresentam as seguintes características:

  • DPOC grave ou muito grave: Classificação GOLD III ou IV, com limitação severa do fluxo de ar (VEF1 < 50% do previsto)
  • Insuficiência respiratória crônica: Necessidade de oxigenoterapia domiciliar contínua ou por períodos prolongados
  • Exacerbações frequentes: Crises respiratórias recorrentes que exigem internações hospitalares
  • Limitação funcional severa: Falta de ar (dispneia) em repouso ou com esforços mínimos, impedindo atividades básicas como caminhar, tomar banho ou se vestir
  • Impedimentos de longo prazo: Condição que persiste por pelo menos 2 anos ou é considerada irreversível
  • Cor pulmonale: Comprometimento cardíaco secundário à doença pulmonar
  • Dependência de terceiros: Necessidade de auxílio para realizar atividades essenciais da vida diária

O Decreto nº 6.214/2007, que regulamenta o BPC, estabelece que a deficiência deve ser avaliada considerando os impedimentos nas funções e estruturas do corpo, limitações de atividades e restrições de participação social. No caso de doenças respiratórias, a avaliação médica analisará:

  • Espirometria (teste de função pulmonar) mostrando obstrução grave
  • Gasometria arterial indicando insuficiência respiratória
  • Histórico de exacerbações e internações
  • Capacidade de realizar esforços físicos (teste de caminhada de 6 minutos)
  • Necessidade de oxigenoterapia
  • Tratamentos realizados e sua eficácia
  • Impacto da doença nas atividades diárias e capacidade de trabalho

Critérios de deficiência para o BPC

Para ter direito ao BPC, a pessoa com bronquite crônica ou DPOC precisa comprovar que a doença resulta em deficiência nos termos da Lei nº 8.742/1993 (LOAS). A lei define deficiência como:

"Impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas."

Avaliação biopsicossocial

A avaliação para concessão do BPC considera três dimensões:

  • 1.
    Deficiência (aspecto biológico): Diagnóstico médico de bronquite crônica ou DPOC, com exames que comprovem a gravidade (espirometria, gasometria, raio-X de tórax)
  • 2.
    Funcionalidade (aspecto funcional): Limitações para respirar, caminhar, trabalhar, realizar higiene pessoal e outras atividades essenciais
  • 3.
    Fatores ambientais e pessoais: Condições de moradia, acesso a tratamento, suporte familiar, barreiras para participação social

⚠️ Importante: A bronquite crônica ou DPOC em estágio leve ou moderado, controlada com medicação e sem limitações funcionais significativas, geralmente não é considerada deficiência para fins do BPC. O benefício é destinado a casos graves que causam impedimentos severos e de longo prazo.

Critério de renda familiar

Além da comprovação da deficiência, é necessário atender ao critério econômico. A renda familiar per capita deve ser inferior a R$ 379,50 (1/4 do salário mínimo de R$ 1.518).

Como calcular a renda familiar per capita

  • 1.
    Some todas as rendas da família (salários, pensões, aposentadorias, aluguéis)
  • 2.
    Conte quantas pessoas vivem na mesma casa
  • 3.
    Divida o valor total pelo número de pessoas

📌 Exemplo prático:

Família com 3 pessoas e renda total de R$ 1.000,00:

R$ 1.000,00 ÷ 3 = R$ 333,33 per capita

✅ Neste caso, a família atende ao critério de renda (R$ 333,33 < R$ 379,50)

O que não conta como renda

  • Benefícios assistenciais (BPC) já recebidos por outros membros da família
  • Programas sociais como Bolsa Família
  • Pensão especial de natureza indenizatória
  • Renda de programa de aprendizagem profissional
  • Benefícios e auxílios temporários

Documentos necessários

Para solicitar o BPC com diagnóstico de bronquite crônica ou DPOC, você precisará reunir:

Documentos pessoais

  • RG e CPF
  • Certidão de nascimento ou casamento
  • Comprovante de residência atualizado
  • Número do NIS (Número de Identificação Social)
  • Inscrição no CadÚnico (Cadastro Único)

Documentos médicos (essenciais)

  • Laudos médicos detalhados: Descrevendo o diagnóstico de bronquite crônica ou DPOC, gravidade (classificação GOLD), sintomas e limitações funcionais
  • Espirometria: Exame de função pulmonar mostrando obstrução das vias aéreas (VEF1, CVF, relação VEF1/CVF)
  • Gasometria arterial: Se houver insuficiência respiratória, mostrando níveis de oxigênio e gás carbônico no sangue
  • Raio-X ou tomografia de tórax: Mostrando alterações pulmonares características
  • Prescrição de oxigenoterapia: Se fizer uso de oxigênio domiciliar
  • Histórico de internações: Documentação de exacerbações e hospitalizações
  • Relatórios de tratamento: Medicações em uso (broncodilatadores, corticoides), acompanhamento pneumológico, reabilitação pulmonar

Documentos de renda familiar

  • Contracheques ou declaração de renda de todos os membros da família
  • Extrato de aposentadoria ou pensão (se houver)
  • Declaração de não possui renda (para quem não trabalha)

💡 Dica importante:

Quanto mais completa a documentação médica, maiores as chances de aprovação. Solicite ao pneumologista que seja específico sobre as limitações funcionais causadas pela doença respiratória, como falta de ar em repouso, impossibilidade de realizar esforços, necessidade de oxigênio, etc.

Como solicitar o BPC com bronquite crônica ou DPOC

O processo de solicitação do BPC pode ser feito de forma gratuita através dos seguintes canais:

1. Pelo aplicativo ou site Meu INSS

  • 1.
    Acesse meu.inss.gov.br ou baixe o app
  • 2.
    Faça login com sua conta gov.br
  • 3.
    Clique em "Novo Pedido"
  • 4.
    Busque por "Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência"
  • 5.
    Preencha o formulário e anexe os documentos
  • 6.
    Agende a avaliação médica e social

2. Pelo telefone 135

Ligue para a Central 135 do INSS (funcionamento de segunda a sábado, das 7h às 22h) e solicite o agendamento com um atendente.

3. Em uma agência do INSS

Compareça pessoalmente a uma agência do INSS. É recomendado agendar previamente pelo Meu INSS ou pelo 135.

Etapas após o pedido

  • 1.
    Avaliação médica (perícia): Um perito médico do INSS avaliará seus exames e laudos, além de realizar exame físico para verificar as limitações funcionais causadas pela doença respiratória.
  • 2.
    Avaliação social: Um assistente social visitará sua residência ou realizará entrevista para avaliar as condições socioeconômicas e o impacto da deficiência no seu dia a dia.
  • 3.
    Análise do pedido: Após a realização da perícia e avaliação social, o INSS analisará todas as informações e decidirá sobre a concessão do benefício. Conforme decisão do STF (Tema 1066), o prazo máximo para conclusão é de até 90 dias a partir da realização dessas avaliações.
  • 4.
    Resultado: Você será notificado sobre a aprovação ou negação do BPC. Em caso de aprovação, o pagamento será processado pelo INSS.

⚠️ BPC negado?

Se seu pedido for negado, você tem direito a recorrer. O recurso deve ser apresentado em até 30 dias após a notificação. Você pode fazer o recurso pelo Meu INSS ou buscar orientação no CRAS ou com um advogado especializado.

Para mais detalhes sobre como solicitar o BPC, consulte nosso guia completo passo a passo.

💬 Tem dúvidas se você se encaixa nos requisitos?

Nosso canal está aberto para esclarecer suas dúvidas sobre este benefício.

❓ Perguntas Frequentes

Bronquite asmática dá direito ao BPC?

A bronquite asmática (asma brônquica) pode dar direito ao BPC se for grave e não controlada, causando crises frequentes, limitações severas para respirar e realizar atividades diárias. É necessário comprovar que a asma é de difícil controle mesmo com tratamento adequado, resulta em impedimentos de longo prazo e atender ao critério de renda familiar.

Qual o grau de DPOC para ter direito ao BPC?

Geralmente, DPOC grau III (grave) ou IV (muito grave) pela classificação GOLD têm mais chances de aprovação do BPC, pois causam limitações funcionais severas. No entanto, não há um grau mínimo estabelecido por lei. O que determina o direito é a avaliação biopsicossocial que considera o impacto da doença na vida da pessoa, independentemente da classificação.

Quem usa oxigênio em casa tem direito ao BPC automaticamente?

Não é automático, mas a necessidade de oxigenoterapia domiciliar é um forte indicativo de DPOC grave ou insuficiência respiratória crônica, o que aumenta significativamente as chances de aprovação do BPC. Ainda assim, é necessário passar pela avaliação médica e social do INSS e atender ao critério de renda familiar.

Posso trabalhar e receber BPC por DPOC?

Em regra, não é possível trabalhar e receber BPC simultaneamente, pois o benefício é destinado a pessoas com deficiência que não conseguem prover a própria manutenção. Se você começar a trabalhar, o BPC será suspenso (não cancelado), com possibilidade de restabelecimento após o término do vínculo, desde que os requisitos continuem sendo atendidos. Há exceções: contratos de aprendizagem por até 2 anos permitem o recebimento concomitante, conforme art. 21-A da LOAS.

Quanto tempo demora para sair o resultado do BPC?

Após fazer o pedido, você será chamado para realizar a perícia médica e a avaliação social. Conforme decisão do STF (Tema 1066), o INSS tem até 90 dias para concluir o processo de BPC a partir da realização dessas avaliações. Na prática, o tempo total (desde o pedido até a resposta final) pode variar dependendo da demanda da agência. Após a aprovação, o pagamento é processado, mas não há prazo legal específico garantido para o primeiro pagamento do BPC.

Preciso renovar o BPC por DPOC?

Sim. O BPC não é vitalício e passa por revisões periódicas a cada 2 anos para verificar se a pessoa ainda atende aos critérios de deficiência e renda. O INSS notificará quando for necessário comparecer para reavaliação. Se a condição respiratória melhorar ou a renda familiar aumentar, o benefício pode ser cancelado.

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📚 Fontes Oficiais e Referencias Legais

Este artigo foi baseado exclusivamente em fontes oficiais do governo brasileiro. Confira abaixo as referências utilizadas para garantir a veracidade das informações.

Importante: Sempre consulte as fontes oficiais mais recentes, pois as normas podem ser atualizadas. Este conteúdo tem caráter educativo e não substitui orientação jurídica especializada.

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