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Artrite reumatoide dá direito ao BPC?

Atualizado em 8 de dezembro de 2025
7 min de leitura
Assistente social auxiliando idosa com artrite reumatoide na solicitação do BPC Loas.

BPC Loas: Amparo para quem precisa.

Artrite reumatoide dá direito ao BPC?

Uma dúvida frequente entre pessoas diagnosticadas com artrite reumatoide é se a doença dá direito ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). A resposta é que sim, pode dar direito ao benefício, mas apenas quando a doença causa impedimentos graves e de longo prazo que limitam significativamente a capacidade de trabalhar e realizar atividades diárias. No entanto, o simples diagnóstico de artrite reumatoide não garante o benefício. É necessário comprovar que a condição resulta em incapacidade funcional severa, que a renda familiar per capita é inferior a R$ 379,50 (1/4 do salário mínimo), e passar por avaliação médica e social do INSS.

A artrite reumatoide é uma doença autoimune e inflamatória crônica que afeta principalmente as articulações, causando dor, inchaço, rigidez e, em casos graves, deformidades permanentes. Estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros convivam com a doença, sendo a maioria mulheres entre 30 e 55 anos. O que determina a elegibilidade para o BPC não é apenas o diagnóstico, mas o grau de comprometimento funcional causado pela doença.

Quando a artrite reumatoide pode gerar direito ao BPC

A artrite reumatoide pode gerar direito ao BPC quando apresenta as seguintes características:

  • Artrite reumatoide moderada a grave: Classificação funcional III ou IV, com limitações severas para atividades diárias
  • Deformidades articulares: Mãos, punhos, joelhos ou outras articulações com deformidades que impedem movimentos essenciais
  • Rigidez matinal prolongada: Rigidez que dura mais de 1 hora e limita significativamente as atividades matinais
  • Dor crônica intensa: Dor persistente que não é adequadamente controlada com medicação e limita atividades básicas
  • Limitação funcional severa: Dificuldade grave para segurar objetos, caminhar, vestir-se, realizar higiene pessoal ou outras atividades essenciais
  • Impedimentos de longo prazo: Condição que persiste por pelo menos 2 anos ou é considerada irreversível, mesmo com tratamento
  • Manifestações extra-articulares graves: Comprometimento de outros órgãos (pulmões, coração, olhos) secundário à artrite reumatoide
  • Dependência de terceiros: Necessidade de auxílio para realizar atividades básicas da vida diária

O Decreto nº 6.214/2007, que regulamenta o BPC, estabelece que a deficiência deve ser avaliada considerando os impedimentos nas funções e estruturas do corpo, limitações de atividades e restrições de participação social. No caso da artrite reumatoide, a avaliação médica analisará:

  • Exames de sangue (fator reumatoide, anti-CCP, VHS, PCR) mostrando atividade inflamatória
  • Exames de imagem (raio-X, ultrassom, ressonância) mostrando erosões ósseas e deformidades
  • Avaliação funcional das articulações (amplitude de movimento, força, capacidade de preensão)
  • Histórico de tratamento (medicações imunossupressoras, biológicos, corticoides)
  • Resposta ao tratamento e controle da doença
  • Impacto da doença nas atividades diárias e capacidade de trabalho
  • Manifestações extra-articulares (se houver)

Critérios de deficiência para o BPC

Para ter direito ao BPC, a pessoa com artrite reumatoide precisa comprovar que a doença resulta em deficiência nos termos da Lei nº 8.742/1993 (LOAS). A lei define deficiência como:

"Impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas."

Avaliação biopsicossocial

A avaliação para concessão do BPC considera três dimensões:

  • 1.
    Deficiência (aspecto biológico): Diagnóstico médico de artrite reumatoide, com exames que comprovem a gravidade (exames de sangue, imagem, avaliação funcional)
  • 2.
    Funcionalidade (aspecto funcional): Limitações para segurar objetos, caminhar, trabalhar, realizar higiene pessoal e outras atividades essenciais
  • 3.
    Fatores ambientais e pessoais: Condições de moradia, acesso a tratamento especializado, suporte familiar, barreiras para participação social

⚠️ Importante: A artrite reumatoide em estágio inicial ou controlada com medicação, sem deformidades ou limitações funcionais significativas, geralmente não é considerada deficiência para fins do BPC. O benefício é destinado a casos graves que causam impedimentos severos e de longo prazo.

Critério de renda familiar

Além da comprovação da deficiência, é necessário atender ao critério econômico. A renda familiar per capita deve ser inferior a R$ 379,50 (1/4 do salário mínimo de R$ 1.518).

Como calcular a renda familiar per capita

  • 1.
    Some todas as rendas da família (salários, pensões, aposentadorias, aluguéis)
  • 2.
    Conte quantas pessoas vivem na mesma casa
  • 3.
    Divida o valor total pelo número de pessoas

📌 Exemplo prático:

Família com 4 pessoas e renda total de R$ 1.400,00:

R$ 1.400,00 ÷ 4 = R$ 350,00 per capita

✅ Neste caso, a família atende ao critério de renda (R$ 350 < R$ 379,50)

O que não conta como renda

  • Benefícios assistenciais (BPC) já recebidos por outros membros da família
  • Programas sociais como Bolsa Família
  • Pensão especial de natureza indenizatória
  • Renda de programa de aprendizagem profissional
  • Benefícios e auxílios temporários

Documentos necessários

Para solicitar o BPC com diagnóstico de artrite reumatoide, você precisará reunir:

Documentos pessoais

  • RG e CPF
  • Certidão de nascimento ou casamento
  • Comprovante de residência atualizado
  • Número do NIS (Número de Identificação Social)
  • Inscrição no CadÚnico (Cadastro Único)

Documentos médicos (essenciais)

  • Laudos médicos detalhados: Descrevendo o diagnóstico de artrite reumatoide, gravidade, sintomas e limitações funcionais (preferencialmente de reumatologista)
  • Exames de sangue: Fator reumatoide, anti-CCP, VHS (velocidade de hemossedimentação), PCR (proteína C reativa)
  • Exames de imagem: Raio-X das mãos, punhos, pés e outras articulações afetadas mostrando erosões ósseas ou deformidades
  • Ultrassom ou ressonância magnética: Se disponível, mostrando sinovite (inflamação) e danos articulares
  • Histórico de tratamento: Medicações em uso (metotrexato, leflunomida, biológicos, corticoides), resposta ao tratamento
  • Avaliação funcional: Relatórios de fisioterapia ou terapia ocupacional, se houver
  • Documentação de manifestações extra-articulares: Se houver comprometimento de outros órgãos

Documentos de renda familiar

  • Contracheques ou declaração de renda de todos os membros da família
  • Extrato de aposentadoria ou pensão (se houver)
  • Declaração de não possui renda (para quem não trabalha)

💡 Dica importante:

Quanto mais completa a documentação médica, maiores as chances de aprovação. Solicite ao reumatologista que seja específico sobre as limitações funcionais causadas pela artrite reumatoide, como dificuldade para segurar objetos, abrir portas, caminhar, vestir-se, etc. Fotos das deformidades articulares também podem ser úteis.

Como solicitar o BPC com artrite reumatoide

O processo de solicitação do BPC pode ser feito de forma gratuita através dos seguintes canais:

1. Pelo aplicativo ou site Meu INSS

  • 1.
    Acesse meu.inss.gov.br ou baixe o app
  • 2.
    Faça login com sua conta gov.br
  • 3.
    Clique em "Novo Pedido"
  • 4.
    Busque por "Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência"
  • 5.
    Preencha o formulário e anexe os documentos
  • 6.
    Agende a avaliação médica e social

2. Pelo telefone 135

Ligue para a Central 135 do INSS (funcionamento de segunda a sábado, das 7h às 22h) e solicite o agendamento com um atendente.

3. Em uma agência do INSS

Compareça pessoalmente a uma agência do INSS. É recomendado agendar previamente pelo Meu INSS ou pelo 135.

Etapas após o pedido

  • 1.
    Avaliação médica (perícia): Um perito médico do INSS avaliará seus exames e laudos, além de realizar exame físico para verificar as limitações funcionais causadas pela artrite reumatoide.
  • 2.
    Avaliação social: Um assistente social visitará sua residência ou realizará entrevista para avaliar as condições socioeconômicas e o impacto da deficiência no seu dia a dia.
  • 3.
    Análise do pedido: Após a realização da perícia e avaliação social, o INSS analisará todas as informações e decidirá sobre a concessão do benefício. Conforme decisão do STF (Tema 1066), o prazo máximo para conclusão é de até 90 dias a partir da realização dessas avaliações.
  • 4.
    Resultado: Você será notificado sobre a aprovação ou negação do BPC. Em caso de aprovação, o pagamento será processado pelo INSS.

⚠️ BPC negado?

Se seu pedido for negado, você tem direito a recorrer. O recurso deve ser apresentado em até 30 dias após a notificação. Você pode fazer o recurso pelo Meu INSS ou buscar orientação no CRAS ou com um advogado especializado.

Para mais detalhes sobre como solicitar o BPC, consulte nosso guia completo passo a passo.

💬 Tem dúvidas se você se encaixa nos requisitos?

Nosso canal está aberto para esclarecer suas dúvidas sobre este benefício.

❓ Perguntas Frequentes

Artrite reumatoide e artrose são a mesma coisa para o BPC?

Não. Artrite reumatoide é uma doença autoimune e inflamatória crônica que afeta principalmente as articulações de forma simétrica, podendo causar deformidades graves. Artrose (osteoartrite) é uma doença degenerativa causada pelo desgaste natural das articulações. Ambas podem dar direito ao BPC, mas a artrite reumatoide tende a ser mais incapacitante devido à sua natureza inflamatória e progressiva.

Qual o grau de artrite reumatoide para ter direito ao BPC?

Não há um grau específico estabelecido por lei. O que determina o direito ao BPC é a avaliação biopsicossocial que considera o impacto funcional da doença. Artrite reumatoide moderada a grave, com deformidades articulares, rigidez matinal prolongada, dor crônica intensa e limitações severas para atividades diárias, tem mais chances de aprovação.

Artrite reumatoide em remissão dá direito ao BPC?

Se a artrite reumatoide está em remissão (controlada com medicação) e não causa limitações funcionais significativas, dificilmente será aprovado o BPC. O benefício é destinado a casos que causam impedimentos graves de longo prazo. No entanto, se houver sequelas permanentes (deformidades, perda de função) mesmo com tratamento, pode haver direito ao benefício.

Posso trabalhar e receber BPC por artrite reumatoide?

Em regra, não é possível trabalhar e receber BPC simultaneamente. Se você começar a trabalhar, o BPC será suspenso (não cancelado), com possibilidade de restabelecimento após o término do vínculo, desde que os requisitos continuem sendo atendidos. Há exceções: contratos de aprendizagem por até 2 anos permitem o recebimento concomitante, conforme art. 21-A da LOAS.

Quanto tempo demora para sair o resultado do BPC?

Após fazer o pedido, você será chamado para realizar a perícia médica e a avaliação social. Conforme decisão do STF (Tema 1066), o INSS tem até 90 dias para concluir o processo de BPC a partir da realização dessas avaliações. Na prática, o tempo total (desde o pedido até a resposta final) pode variar dependendo da demanda da agência. Após a aprovação, o pagamento é processado, mas não há prazo legal específico garantido para o primeiro pagamento do BPC.

Preciso renovar o BPC por artrite reumatoide?

Sim. O BPC não é vitalício e passa por revisões periódicas a cada 2 anos para verificar se a pessoa ainda atende aos critérios de deficiência e renda. O INSS notificará quando for necessário comparecer para reavaliação. Se a condição melhorar significativamente com tratamento ou a renda familiar aumentar, o benefício pode ser cancelado.

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📚 Fontes Oficiais e Referencias Legais

Este artigo foi baseado exclusivamente em fontes oficiais do governo brasileiro. Confira abaixo as referências utilizadas para garantir a veracidade das informações.

Importante: Sempre consulte as fontes oficiais mais recentes, pois as normas podem ser atualizadas. Este conteúdo tem caráter educativo e não substitui orientação jurídica especializada.

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