Desaposentação: Por Que Não Existe Mais e Quais São as Alternativas

Orientação sobre alternativas legais após proibição da desaposentação pelo STF
Muitas pessoas buscam informações sobre desaposentação com a esperança de renunciar à aposentadoria atual e solicitar um benefício com valor maior. No entanto, é fundamental saber que a desaposentação não existe mais no ordenamento jurídico brasileiro desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2016. Este guia esclarece o que era a desaposentação, por que foi proibida e quais alternativas legais estão disponíveis para quem deseja aumentar o valor da aposentadoria.
O que Era a Desaposentação
A desaposentação era um instituto jurídico que permitia ao segurado renunciar à aposentadoria já concedida para solicitar uma nova, incorporando contribuições realizadas após a primeira aposentadoria. A ideia era que o trabalhador que continuou contribuindo após se aposentar pudesse obter um benefício mais vantajoso.
O fundamento da desaposentação era o seguinte: se uma pessoa se aposentou, mas continuou trabalhando e contribuindo para a Previdência Social, essas novas contribuições deveriam ser computadas para calcular um novo benefício com valor superior.
Como funcionava na prática
- 1.Segurado se aposentava e recebia benefício com base nas contribuições até aquele momento
- 2.Continuava trabalhando e contribuindo para o INSS como aposentado
- 3.Anos depois, renunciava à aposentadoria atual
- 4.Solicitava nova aposentadoria incluindo todas as contribuições (antigas + novas)
- 5.Recebia benefício com valor maior devido ao acréscimo das contribuições posteriores
Essa prática ganhou força entre 2008 e 2016, com diversas decisões judiciais favoráveis aos segurados. Milhares de pessoas conseguiram aumentos significativos em seus benefícios por meio da desaposentação.
Por Que a Desaposentação Não Existe Mais: Decisão do STF
Em 27 de outubro de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o Recurso Extraordinário nº 661.256 (Tema 503 da Repercussão Geral) e decidiu, por maioria de votos (7 x 4), que não é possível a desaposentação.
A tese fixada pelo STF foi clara e definitiva:
“No âmbito do Regime Geral de Previdência Social, somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à desaposentação.”
Argumentos do STF para proibir a desaposentação
- •Ausência de previsão legal: Não há lei específica autorizando a desaposentação no ordenamento brasileiro
- •Impacto atuarial e financeiro: Permitir a desaposentação comprometeria o equilíbrio financeiro e atuarial do Regime Geral de Previdência Social
- •Contributividade solidária: As contribuições realizadas após a aposentadoria financiam o sistema previdenciário como um todo, não geram direito individual automático a novo benefício
- •Segurança jurídica: Permitir renúncia poderia gerar instabilidade no sistema e custos imprevisíveis ao INSS
A decisão do STF tem efeito vinculante, ou seja, todos os tribunais e órgãos do Poder Judiciário devem seguir esse entendimento. Desde então, não é mais possível renunciar à aposentadoria para obter benefício superior.
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Alternativas Legais para Aumentar Sua Aposentadoria
Embora a desaposentação não seja mais possível, existem diversas alternativas legais que podem resultar em aumento do valor da aposentadoria. Veja as principais:
1. Revisão da Vida Toda
A Revisão da Vida Toda permite incluir no cálculo da aposentadoria as contribuições realizadas antes de julho de 1994. Em 2022, o STF julgou constitucional essa revisão (Tema 1102), mas em 2023 modulou os efeitos, restringindo drasticamente o acesso.
⚠️ Atenção: Modulação de 2023
O STF determinou que somente têm direito à Revisão da Vida Toda os segurados que já tinham ação judicial ajuizada até 1º de dezembro de 2022. Para quem não entrou com ação até essa data, a revisão não está mais disponível na prática.
Quem ainda pode ter direito: Apenas aposentados que se aposentaram após 29/11/1999, tinham contribuições antes de julho/1994 com salários mais altos nesse período **E já ajuizaram ação até 01/12/2022**.
2. Revisão de Erros de Cálculo ou Inclusão de Tempo
Muitas aposentadorias contêm erros no cálculo ou deixam de computar períodos de trabalho válidos. Você pode solicitar revisão para:
- •Incluir tempo de trabalho rural, especial ou urbano não computado
- •Corrigir erros na média salarial ou fator previdenciário
- •Reconhecer vínculos empregatícios ou contribuições não consideradas
- •Incluir períodos de atividade especial (insalubridade, periculosidade)
3. Revisão de Atividade Especial
Se você trabalhou em condições especiais (exposição a agentes nocivos como ruído, calor, produtos químicos) e isso não foi reconhecido, pode solicitar a conversão de tempo especial em comum. Isso aumenta o tempo de contribuição e pode resultar em benefício maior.
4. Outras Revisões por Mudança na Legislação
Decisões judiciais e mudanças legislativas podem gerar direito a revisões. Por exemplo:
- •Revisão do Teto: Para quem se aposentou quando o teto do INSS era mais baixo
- •Revisão do Buraco Negro: Para aposentadorias entre 05/10/1988 e 05/04/1991 (⚠️ casos residuais, pois a maioria já exerceu esse direito)
- •Revisão da Melhor DIB: Escolher data de início do benefício mais vantajosa
5. Ação Judicial de Revisão
Se o INSS negar sua revisão administrativa, você pode entrar com ação judicial. O prazo para isso é de 10 anos contados do primeiro pagamento do benefício. Um advogado especializado pode avaliar seu caso e identificar possibilidades de revisão.
⚠️ Atenção aos prazos de revisão
As revisões de direito (como inclusão de tempo especial, fator previdenciário, mudança de regra de cálculo) têm prazo decadencial de 10 anos contados do primeiro pagamento do benefício.
Já os erros materiais ou de fato (como salários lançados incorretamente, vínculos não computados por erro do sistema) não têm prazo e podem ser corrigidos a qualquer tempo. Não deixe para depois!
Como Proceder se Você Quer Aumentar Sua Aposentadoria
Se você deseja verificar se tem direito a alguma revisão de aposentadoria, siga estes passos:
- 1.Reúna documentação: Carteira de trabalho, contracheques, CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), laudos de atividade especial, entre outros
- 2.Consulte especialista: Procure um advogado previdenciário ou contador especializado para analisar seu caso
- 3.Faça cálculos prévios: Antes de solicitar qualquer revisão, calcule se ela é vantajosa. Algumas revisões podem até diminuir o benefício
- 4.Protocole pedido administrativo: Inicie pela via administrativa no INSS através do Meu INSS (site ou app) ou em agência
- 5.Acompanhe o processo: Fique atento aos prazos e à análise do INSS
- 6.Considere ação judicial: Se o INSS negar indevidamente, avalie entrar com ação judicial dentro do prazo de 10 anos
💡 Dica importante
Nunca solicite uma revisão sem fazer os cálculos antes. Algumas revisões, como a Revisão da Vida Toda, podem diminuir o valor do benefício se não forem vantajosas no seu caso. Um especialista pode evitar que você perca dinheiro.
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❓ Perguntas Frequentes
Posso renunciar à minha aposentadoria para receber um valor maior?
Se eu continuar trabalhando depois de aposentado, posso aumentar meu benefício?
Quais revisões de aposentadoria ainda são possíveis?
Até quando posso solicitar revisão da minha aposentadoria?
A Revisão da Vida Toda ainda está disponível?
📚 Fontes Oficiais e Referencias Legais
Este artigo foi baseado exclusivamente em fontes oficiais do governo brasileiro. Confira abaixo as referências utilizadas para garantir a veracidade das informações.
Lei nº 8.213/1991 - Benefícios da Previdência Social
Lei nº 8.213/1991 - Benefícios da Previdência Social
Emenda Constitucional nº 103/2019 - Reforma da Previdência
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Importante: Sempre consulte as fontes oficiais mais recentes, pois as normas podem ser atualizadas. Este conteúdo tem caráter educativo e não substitui orientação jurídica especializada.
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